29 de janeiro de 2011

O CONFESSIONÁRIO COM LUIZ EHLERS


Ele é editor chefe da primeira revista virtual brasileira de fantasia, a REVISTA FANTÁSTICA, é também escritor e engenheiro químico. Nasceu em Santa Catarina, mas mudou-se aos 8 anos para Sapucaia do Sul, região metropolitana de Porto Alegre. Estou falando de Luiz Ehlers, 30 anos e muita coisa para contar, aqui, n’O CONFESSIONÁRIO!


C.D.: Luiz, estamos vendo um grande movimento literário liderado por jovens internautas, a exemplo, inúmeros blogs relacionados a dicas de livros e outros demais assuntos que amplificam o universo da literatura que estão democratizando as opiniões dos leitores. Como isso pode contribuir para o crescimento do gênero fantástico, ainda tímido aqui no Brasil?

Luiz: Bom, os blogs são hoje uma parte importante de todo o elo da cadeia de literatura. Todo esse “ boom" que aconteceu a fantasia é reflexo desse serviço que os blogs prestam. Eles se tornaram importantes formadores de opinião. Hoje acho que um autor nacional não consegue decolar sem o apoio dos blogs. Mas é importante salientar que nem todos os leitores do Brasil são seguidores de blog e mesmo este "setor" ainda precisa crescer, mas em apenas um ano tivemos todo esse “boom” imagino que tende a crescer mais ainda...


C.D.: Você acha que esse crescimento tende a ser positivo mesmo sabendo que o acesso ao livro aqui no Brasil ainda é inferior ao desejável?

Luiz: Acho que livros como Harry Potter e Crepúsculo trouxeram ao jovem o gosto pela leitura, mostrando que ler pode ser bom, mas mesmo com esse crescimento, o livro ainda é muito restrito no Brasil, é muito caro e é um meio de diversão que não é o principal dos brasileiros, as pessoas preferem cinema ou televisão, ler não está muito na cultura do Brasil.

Porém eu acho que estes livros abriram espaço e eu acredito que o número de leitores irá aumentar, pois quem leu estes livros ficou carente de leituras semelhantes e este público está sedento por novos livros que os toquem da mesma maneira que HP e Crepúsculo os tocaram o que tentamos na fantástica é dar a estes leitores opções de autores nacionais.


C.D.: A literatura chamada "menor", mesmo não apreciada por um grupo, é a principal porta de entrada para novos leitores no mundo vasto da literatura. Observamos que, aqui no Brasil, o incentivo, mesmo para este patamar de literatura soa quase como um gemido de um doente, de tão fraco. Hoje, com o movimento pela internet, vemos um eco tomar fôlego, prova disso é a REVISTA FANTÁSTICA. Fale aos curiosos leitores de CONFISSÕES DESAJUSTADAS qual foi o ponta pé inicial para que esse projeto fosse apreciado por inúmeros internautas e leitores.

Luiz: A Fantástica nasceu de uma idéia de criar um instrumento forte para que o autor nacional pudesse ter um espaço justo de divulgação que o colocasse lado a lado com obras internacionais. Mas é importante salientar que nós não somos contra os livros internacionais, nosso principal objetivo é colocar o nacional como uma opção considerável. A Fantástica nasceu com essa idéia e ficamos muito contentes com a aceitação das pessoas e de todo o carinho que elas nos têm dado e esperamos realmente poder fazer a diferença.


C.D.: A diferença já é bem vista... O mercado editorial nacional roda com poucos autores do gênero fantástico na literatura e a FANTÁSTICA veio aí abrindo um leque de opções tanto para o mercado tanto para os leitores. Luiz, você sendo o editor chefe da revista, compartilhe um pouco dos seus desafios em relação a este projeto com os leitores do CONFISSÕES DESAJUSTADAS.

Luiz: Bom, procuramos ser democráticos com os autores nacionais. Todos que tem obras adquirem um espaço dentro da revista. Procuramos a cada edição ter sempre matérias feitas por convidados ou mesmo àqueles que se ofereceram para contribuir com a revista, é muito complicado na revista separar o nosso gosto individual, pois eu não acho justo o gosto pessoal interferir nas matérias, pois tenho o objetivo de manter a revista o mais democrática possível e muitas vezes não é simples fazer isso, mas sempre tento.


C.D.: Dentre desses desafios que se esbarram com os gostos pessoais, o que você leva para a sua literatura?

Luiz: Bom, obviamente eu escrevo da maneira que eu gosto de ver uma estória. Eu gosto muito do poder da reflexão, eu tenho a impressão de que os livros que fazem sucesso são livros que trazem certos pensamentos reflexivos que entram na vida dos leitores, e eu tento fazer isso na minha literatura. Os meus livros nascem de uma frase, de um pensamento, de uma idéia que eu quero passar e em cima disso eu faço uma dramatização que se torna um livro eu o construo em cima dessa mensagem o que eu acho importante dentro da literatura, mas sempre tento passar ela de uma forma divertida e legal, é assim que eu construo as minhas estórias, que não são poucas.


C.D.: O seu livro A DIVINDADE DAS CHAMAS GÊMEAS, deve abarcar muitos conceitos e reflexões, você pode compartilhar um pouco disso com os leitores do CONFISSÕES DESAJUSTADAS?

Luiz: A Divindade das Chamas Gêmeas é um livro que eu gosto muito, embora eu tenha pouco tempo para dar uma revisada nele, pois eu sei que precisa e algumas editoras até manifestaram interesse, mas ainda não consegui tempo de ajeitá-lo como eu quero. Divindade é um livro reflexivo que mistura sentimento com ação é uma estória de uma mulher narrada em primeira pessoa, que é um desafio para mim, como homem, mas eu brinco com a primeira e terceira pessoa.

O livro tem duas partes, a primeira narrada em primeira pessoa que vai de um ponto A à um ponto B. Tudo que acontece a protagonista está presente e por isso nem tudo é revelado, pois ela não sabe de tudo e na segunda parte a história recomeça com textos em terceira pessoa revisitando vários pontos da história e mostrando ao leitor como as coisas às vezes são pontos de vista minhas; o que a protagonista sofre e acredita não é a verdadeira verdade, descobrimos isso na parte em terceira pessoa, pois muitas vezes na vida, sofremos e nos sentimos menosprezados e perseguidos, muitas vezes sem razão, e muitas vezes isso está só na nossa cabeça, essa é uma das mensagens do livro: sofremos por coisas que muitas vezes nem são verdade.


C.D.: Luiz, você como escritor tem outros projetos em mente?

Luiz: Estou escrevendo um livro chamado Os Olhos de Deus que é uma estória com todo o jeito de fantasia, mas sem nada de fantástico e com uma mensagem muito forte sobre religião. Conta a história de um andarilho em busca da mãe desaparecida em uma sociedade fictícia que é massacrada pelo inverno e pelo poder da religião. Além disso, tenho outros projetos, um deles brinca um pouco com sexo e com palavrões, as pessoas tem a mania de achar que quando um texto tem palavrão ou fala de sexo é algo podre ou algo sem valor e eu criei uma estória extremamente sexual e muito poética com um pouco de elementos épicos de fantasia. A idéia começou com uma brincadeira e hoje a estória já tem forma na minha mente e algumas páginas escritas. Eu gosto dessa coisa diferente, tudo na minha literatura tento trazer algo novo.


C.D.: Luiz, deixe um convite aos leitores de CONFISSÕES DESAJUSTADAS para ler e acompanhar a REVISTA FANTÁSTICA.

Luiz: Convido a todos para conhecer o nosso trabalho na Revista Fantástica. Temos também um podcast semanal chamado Papo Fantástica onde sempre recebemos um convidado e falamos muitas coisas sobre literatura e também temos a livraria que oferece apenas livros nacionais ao menor preço do mercado. Acesse e confiram!

Revista Fantástica




Até a próxima!
Laísa C.

2 Outras confissões...:

Wnascimento disse...

A Revista Fantastica é realmente um dos grandes veículos da literatura fantástica brasileira atualmente.
Excelente entrevista. Parabéns ao blog Confissões Desajustadas.
Willian Nascimento

Laísa Couto disse...

Obrigada por ter apreciado a entrevista...
A Revista Fantástica tem tudo para crescer e seguir em frente!

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