24 de março de 2011

O CONFESSIONÁRIO COM RAFAEL LIMA


Que ruflem os tambores! Há muito tempo as cortinas de O Confessionário se agitam na expectativa de receber mais uma vez um autor aqui n’O Confissões Desajustadas. Eu conversei com Rafael Lima, carioca da gema, publicitário e webdesigner, faz 25 anos no próximo dia 22 de Abril. Autor de contos e romances, tem muita coisa para contar aqui pra gente!

C.D.: Rafael o que mais te motiva a escrever. E qual foi o principal fator que o conduziu a literatura tão cedo?


Rafael : O que mais me motiva a escrever é o fato das idéias teimarem em querer sair da minha cabeça e ir para o papel. E a paixão que eu tenho por essas idéias, essas histórias. E o principal fator a me levar a escrever, digamos, relativamente cedo, tem a ver com isso. O Aura de Asíris - A Batalha de Kaybashi, meu primeiro romance, começou a germinar quando eu tinha 17 anos. Teve uma hora que não teve jeito, ele não foi embora, então eu tive que pôr ele para fora. Aí, depois dele, veio uma história atrás da outra querendo sair. Mas como disse, se eu não gostasse das histórias que eu imagino, não acreditasse no potencial delas, elas não sairiam.


C.D.: Bom, Rafael, essa avalanche de idéias, nos revela uma mente criativa. Para começar a tramar uma estória é sempre preciso ter uma base. O universo de Aura de Asíris é cheio de um apanhado épico com toque de modernidade. Nos fale onde você buscou inspiração para esse plano diferente que é sua obra.


Rafael: Eu sempre digo que minhas inspirações para o "Aura" foram, basicamente, três: Final Fantasy (sobretudo), Dragon Ball e Star Wars. Eu nunca fui fã de histórias medievais, sempre preferi ficção científica. Porém, quando comecei a jogar o oitavo FFVIII, me apaixonei. Tinha espadas ali, magia, demônios, feiticeira, mas também tinha naves, metrópoles, armas de fogo, etc. Eu pensei: "esse mundo é duca. Essa história é duca. Quem criou ela é genial." Tudo bem que já tinha o Star Wars fazendo isso, He-Man, Thudercats e tal, mas o que acontece é que FF tem uma profundidade que nada de tecnofantástico que eu já tenha visto até hoje conseguiu atingir. Foi quando eu decidi que era aquele espírito que eu queria para o "Aura".


C.D.: Bom, pela rede virtual, vimos que para a maioria dos jovens que começaram suas primeiras estórias escritas, os jogos de RPG virtual ou não tem sido de grande influência... O mercado editorial brasileiro ainda não conseguiu absorver essa grande tendência, isso por parte do sistema arcaico e também pelo apelo do marcado. Você acha que o livros baseados nesses universos chegaram a ter um dia um lugar certo nas prateleiras das livrarias, ou isso não passar de uma onda passageira?

Rafael: Bom, além de mim, eu já vi uns dois ou três jovens autores brasileiros citando Final Fantasy como inspiração para seus respectivos romances. Um deles é o Raphael Draccon, autor da série de sucesso "Dragões de Éter". Eu acho que não só RPGs, como também jogos de outros gêneros servirão sim, daqui para frente, e cada vez mais, como referências. E o motivo é bem simples: a minha, a nossa geração, cresceu em frente a consoles, experimentando jogos com estórias que poderiam muito bem ter sido contadas em livros. Estórias excelentes. Hoje, por exemplo, tem o World of Wacraft, um mundo repleto de matéria-prima para novos escritores. Uma das minhas inspirações para escrever meu último romance "Os Reis do Rio", inclusive, é o RPG futurista Fallout. Além dos FFs, temos o Zelda, Metal Gear Solid, Silent Hill, a lista é enorme.

C.D.: Nesse mundo lúdico dos jogos cheio de inovações, não podemos esquecer da literatura, das palavras correndo sobre o papel. Rafael, você acha que você que aqueles que se inspiraram em jogos tendem a fazer uma literatura vazia, com falsos significados?


Rafael: Obviamente, não é recomendado para um escritor ter somente games como referências. Na verdade, não acredito que exista alguém com essa característica, seria algo, sei lá, estranho. Eu acho que o importante é a estória, sempre a estória. Como falei, uma das principais razões para esses jogos que eu citei terem se tornados fenômenos é que eles possuem enredos extraordinários. Aí o adolescente joga aquilo, se encanta, e quer criar algo parecido. Só que com palavras. Logo, é evidente que ele precisa ler. Ler bons livros, ler muito, para aprender a escrever bem. Ler muito mais do que jogar. O jogo é apenas fonte de inspiração, como um filme ou HQ.

C.D.: C.S. Lewis disse certa vez que não importa o gênero que o escritor escolha, quando as palavras eclodem sobre o papel haverá sempre o reflexo dele mesmo... Qual a dica que você dá para aqueles que querem escrever sua própria estória e são aficionados por jogos. O equilíbrio é o melhor caminho?

Rafael: Como disse, o escritor, de qualquer gênero, precisa ler muito, treinar, ouvir o que os outros tem a dizer sobre seu texto. Isso é o mais importante. Inspiração é algo pessoal, as fontes são infinitas. Eu posso escrever pensando em um jogo, em uma rosa, num amor ou ornitorrinco. Ou em tudo isso ao mesmo tempo, como costuma acontecer. Quanto mais bagagem cultural, melhor.


C.D. : Rafael, para finalizar, nos fale sobre seus trabalhos. Além da divulgação de Os reis do Rio, você tem mais surpresas escondidas na cartola?

Rafae: Bem, eu já estou com idéia para um novo livro. Comparando grosseiramente, algo como um Inferno de Dante sci-fi. O "Aura 3" vai ficar para depois, tirei férias desse mundo. Tenho um conto também pronto para o concurso FC do B, da Tarja Editorial. Espero que meu texto seja selecionado dessa vez... rs...

C.D. : Você quer deixar um recado para os leitores d’O Confessionário conhecer seus livros?

Rafael: Conheçam "Aura de Asíris - A Batalha de Kayabashi", o primeiro volume da trilogia. Está só R$ 25,00 incuindo frete e autógrafo. Acessem também o site Os Reis do Rio para conhecerem meu trabalho mais recente, que ainda aguarda publicação e aproveitem para ajudar na divulgação dele. Ou entrando na página do facebook ou na comunidade do Orkut (links no site). E muito obrigado pela paciência para ler meus pitacos... rs...

C.D. : Sou eu quem agradece e os leitores de Confissões também! Valeu mesmo Rafael, bacana você ter falado da sua literatura para todos nós!


AuradeAsíris



OsReisdoRio


Ouçam também o papo com Rafael Lima e a galera da Revista Fantástica.

PapoFantásticacomRafaelLima


Até a próxima!

Laísa C.


1 Outras confissões...:

VILTO disse...

Ótima a entrevista com o Rafael.
Acho interessante relacionar o que ele falou aqui com o que ele comentou no podcast. Um ponto interessante é que a abordagem sua foi diferente da minha, então quem é fã do Rafael pode conferir as duas sem ser repetitivos.

Parabéns pelo post, Laísa.

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