14 de outubro de 2009

Rapunzel, jogue suas tranças!!



Boa madrugada para todos!! Vou apresentar uma prosa poética que eu escrevi já há algum tempo... Minha inspiração foi a personagem Rapunzel, criada pelos famosos Irmãos Grimm, dois alemães que se dedicaram ao registro de fábulas infantis...

" Rapunzel é um conto de fadas compilado no livro Contos para a infância e para o lar, dos Irmãos Grimm. Rapunzel é criada numa imensa torre, prisioneira do mundo, por uma bruxa malvada.O cabelo da menina nunca é cortado e é conservado numa gigantesca trança. Um dia, um príncipe passando pelo local, ouve o canto da moça, e decide salvá-la das garras da bruxa. Ao enfrentrar a vilã, é castigado com uma cegueira total. Mas no final da história, sua visão é recuperada pelas lágrimas de amada, então o casal se casa e conseguem o esperado final feliz"

Mesmo buscando a felicidade, nós, seres humanos nos debatemos interiormente, dentro de nossas próprias torres cheias de dor, de angústia... Como nos libertaremos desses nós?

Rapunzel


Sinto-me dentro da escuridão, com os olhos vendados pela angústia. Não vejo o mundo desta alta torre - meu casulo escondido nas entranhas da noite infinita. "Rapunzel,cortaram tuas longas tranças antes do final?" Vi as lembranças criarem raízes cortantes como lâminas de aço dentro do peito. Não choro, apenas sangro, apenas..."O que fizeram contigo, Rapunzel?" Das pedras juntadas no caminho, carreguei uma por uma, e fiz cada degrau da minha subida ao céu, mas não o alcancei. " Rapunzel perdeu suas tranças, perdeu o sorriso."


Estive tão longe, tão imersa no vazio que me consome dentro desta torre. Há eras estive fora do mundo, dentro de mim, perdida, sem me encontrar entre os inúmeros dilemas. "Rapunzel, roubaram teus olhos!" Debati-me entre as paredes mudas de pedra fria, fria de memórias, gelada de silêncio, cheia de soluços. Os gritos? Estes foram roubados pelos corvos da noite, que espreitam pela minha janela, nessa longa noite sem lua, sem estrelas... "Pobre Rapunzel, sua voz calou-se no desespero!"

Os dias seguiram, escuto cada toque dos segundos, cada passo dos minutos, cada dança das horas. A música desvairada da loucura mais doce balança meu coração, despertando-me de um pesadelo reconfortante, que embala meus sonhos adormecidos.
"Rapunzel, jogue suas tranças!" Escuto alguém dizer, mas a voz soou distante demais, eu estava cega, muda, sem fé, mas ainda não estava surda... Rapunzel tateou a escuridão, tropeçou nos móveis e alcançou a janela, o vento gélido tocou sua face, sorriria? " Rapunzel, jogue suas tranças!" A voz gritou novamente. Ela apalpou os cabelos, eram curtos como suas crenças, suas mão desabaram, e seu olhos que não podia ver, sangraram. E todas palavras jorradas em lágrimas pela noite, encontraram corações como o meu, preso no alto da torre, para sempre...


Liberte-se, jogue suas tranças!

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