19 de setembro de 2010

Além de uma lágrima


Outro dia, eu estava pensando nos motivos que me leveram a enveredar pelos caminhos da escrita, logo vi que eram inúmeros e que leveria muito tempo relatando eles aqui... No final de agosto completou-se 5 anos desde que eu resolvi abrir a porta para o mundo mágico da fantasia e escrever meu primeiro livro...durante esse período construir poesias, contos e quase...um livro..rs. "O choro da donzela" é um conto que escrevi em novembro de 2008, é já tem um tempinho... e como sempre é uma narrativa cheia de um encanto misterioso e mágico, já que a fantasia "contaminou" meu sangue e que não consigo mais me livrar dela...desejo a todos uma boa leitura e comentem se gostarem, até mais!

O CHORO DA DONZELA

"No alto de uma torre solitária, morava uma jovem donzela. Ali, a jovem sempre vivera sozinha, na sua própria companhia. Desde menina, a parede circular do seu quarto fora sua casa e a janela era a única porta para o mundo afora.

Todas as noites escuras e sombrias, a donzela acendia uma vela para afastar seus medos e pesadelos. No negrume do céu a Lua aparecia de quando em quando palidamente tornando a noite menos hostil. A donzela observava a noite pelo arco da janela e pensou se a Lua poderia se sentir triste e só como ela. Então e bela jovem confessou o seu segredo mais íntimo para a grande Lua de prata.

Contou-lhe que todos os dias seu coração batia pesadamente na espera de seu grande amor que a leveria embora daquela torre solitária e sairiam voando pela noite num cavalo alado. A Lua, assim que segredou a confissão da moça, sumira na do horizonte, onde o céu tocava a terra. E a fora navegar nos mais profundos e belos sonhos. Um lebe sorriso esboçou-se nos seus delicados lábios enquanto seu coração palpitava diante das doces ilusões sonhadoras.

No dia seguinte a donzela esperou ansiosamente por sua nova confidente. Depois do crepúsculo, lá estava ela, a Lua prateada. A jovem contou-lhe como seu coração esperava ansiosamente pelo dia que conheceria seu amado. Sua voz delicada e única pela pela noite, enquanto a Lua a escutava lá no alto, sentada no trono celestial. Quando a jovem finalmente confidenciou todo seu segredo à rainha da noite, sentiu-se como se tivesse repartido um bem que só tinha para si. Um bálsamo de tranquilidade tocou sua alma com seus dedos suaves e lá do alto da torre ela escutou o murmúrio abafado da floresta noturna, sinistra e misteriosa.

A bela moça da torre se despediu da Lua para desfrutar de mais uma noite no acalanto de seus sonhos. Porém, desistiu de fazê-lo ao ver uma forma desconhecida desenhando-se no céu, a Lua parecia ser uma grande auréola protegendo aquela misteriosa forma. A figura fora se tornando mais nítida, e o coração da donzela disparou em surpresa, pois o ser que viajava solitário no céu era um ser alado. Tinha grandes asas e adejava no ar como uma grande águia.

A jovem, muito contente, foi até o espelho e arrumou seu longos cabelos "Ele veio me buscar" repetia ela, com um grande sorriso na face. Então, ela voltou para a janela e sua felicidade sumira como o último suspiro antes da morte ou como se uma terrível tempestade assolasse um dia ensolarado de primevera.

A sua frente, diante do arco da janela, planava no ar um dragão medonho. Suas escamas eram escuras como musgos, a cabeça parecia ser de um grande lagarto. Espinhos brotavam de sua coluna vertebral e suas narinas cuspiam fumaça. Sentada no seu dorço, estava uma bruxa, que sem cerimônia pulou do dorso do dragão e nun salto entrou no quarto da donzela.

A bruxa tinha um estatura mediana. Seu corpo era entrocado, fazendo-a ficar ainda menor sob o manto negro que vestia. Os cabelos grossos e emaranhados tinha um tom púrpura. Os olhos eram cinza e frios como uma manhã nublada. E no seu rosto enrugado estava estampado a malícia.

- Quem é a senhora? - perguntou a donzela, pasma.

- Eu?! - A bruxa olhou ao redor com seus grande olhos astutos e disse: - Eu sou A Dama da Má Sorte! Aquela que rouba os sonhos e traz infelicidades! Seco um coração apaixonado até a última gota e arranco a força o último ecoar do sorriso de uma criança! O mau agouro é o que eu espalho por onde quer quer eu vá! E assim, tenho uma longa vida, pois me alimento da felicidade alheia, até não restar mais nada dela... - A velha deu uma gargalhada maldosa.

A donzela percebeu que estava em grande perigo.

- Tu és muito tola, minha jovem! - zombou a bruxa. - Andas confidenciando teus segredos para quem não tem ouvidos para ouvir e nem olhos para ver! Tua voz delicadamente suja e cheia de ilusões atiçou meus sentidos e aqui estou... Vim tirar o véu que cobre teus olhos e a falsa esperança que mora no teu coração... - disse a velha,num tom ameaçador.

- O que quer dizer com isso? - insistiu a moça.

- Quero dizer que teu coração secará até virar um cristal quebradiço, pois neste mundo não existe e nunca existirá alguém capaz de amar-te. Nunca sentirás o doce bálsamo de um um beijo apaixonado. E nunca verás um olhar de um amor sincero! A solidão será tua úninca companhia até que teu coração que nunca existirá!

E nisso, a bruxa soltou uma gargalhada medonha e agourenta, sumindo numa fumaça verde. A donzela foi até a janela e viu sua má sorte praguejar sobre o dorso do dragão noite afora. A voz bruxa parecia reverberar por toda floresta, deixando os animais assustados.

A donzela sentiu uma enorme dor no coração como se um punhal sido encravado em seu peito. Apertou-o, ofegante num desespero insuportável. O medo tomou o brilho de seus olhos que antes eram alegres e sonhadores. Seu rosto ficara pálido e uma lágrima escorreu por sua face alva.

A moça encostou-se à amurada da janela e já sem forças, deixara-se cair ali. Sentada na única alta da torre solitária, ela chorou, chorou olhando para a Lua. Chorou até suas lágrimas secarem e o último pulsar de seu coração vibrar. Chorou até o último suspiro silencias em seu peito e o amor pelo príncipe morrer na calada da noite.

E foi do choro da donzela que nasceram as estrelas, pois cada que lágrimas caia dos seus olhos virara um pontinho de cristal que salpicou o céu, consolando até hoje, o coração daqueles que ainda não amaram."

Laísa C. / novembro de 2008


3 Outras confissões...:

Nadilce Beatriz disse...

Olá Laísa, perdoa a demora.
És uma fada encnatadora, a criar estrelas, sem medo da noite,da morte...
Lindo texto que só a tua inspiração me fez alcançar.
Grande abraço.
Meu blog: http://escrrevendootempo.zip.net
Nadilce Beatriz. (Nadi)

Rodrigo Rocha disse...

Olá passei para conhecer seu blog ele é not°10, show, espetacular com excelente conteúdo você fez um ótimo trabalho desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom

Laísa Couto disse...

Olá Nadi e Rodrigo, desde já agradeço a visita, gostaria q voltassem..
Abraços para todos

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