Oi, pessoal!
Outro dia fui convidada pelo Alec Silva, autor de A Guerra dos Criativos e outros projeto, para responder umas perguntas sobre LAGOENA. Acabou sendo um bate papo virtual descontraído, que resultou num belo texto criado pelo autor. Não deixem de ler até o final, nele você vai conhecer o estilo literário do Alec, além de saber como Lagoena é importante pra mim. É hora do chá! Você aceita?
"Existem muitas terras e muitos mundos a serem conhecidos, e a proposta deste blog é
desvendar alguns desses lugares mágicos e fascinantes, seja aqueles que
eu posso ir ou aqueles que outros podem me levar. Sou daqueles que
acredita em mundos paralelos, em realidades lado a lado, e que a mínima
mudança basta para alterar tudo e criar possibilidades diversas, opostas
e interessantes.
E que prazer é ser convidado para um chá de cogumelos com Laisa Couto
num campo de grama baixa, numa tarde amena, sob a sombra de uma árvore
de copa vasta! Eu amo essas coisinhas malucas, sabe? E chás de cogumelos
são sempre bons, sobretudo quando acompanhados de uma boa conversa
sobre um mundo novo, que ainda não conheço.
Estranho como a Laisa consegue se esconder tão bem, e ainda assim estar
perto. E mais estranho é que durante nosso bate-papo eu pouco pude saber
sobre ela. Tento saber quem é a minha anfitriã, afinal, é o mínimo
depois de um convite tão tentador.
"Um fantasma", ela responde sem titubear, mas logo percebe que aquilo
pode ter sido uma grosseria sem intenção. "Como diz o lema do meu perfil
lá no blog Confissões Desajustadas '... agora não sou nada, sou apenas um ponto final numa história que nunca foi contada'.
Em mim não há nada de especial a ser revelado, as pessoas já tiveram a
oportunidade de me conhecer de modo muito particular, que é lendo meus
textos..."
Sorri e bebe um gole de sua bebida.
"Um autor fala muito de si quando dá vida a seus personagens", deixo
escapar, enquanto desvio o olhar para o céu anil, salpicado de nuvens
brancas. "Então, parte você está no que você escreve, certo? Talvez como
um enigma esperando ser decifrado."
Ela arfa, de leve, sem ruído e conclui.
"O enigma também pode estar numa simples frase, longe de uma
complexidade extra ou hiperespetacular. A novidade dentro das camadas de
um texto depende muito do entendimento do leitor. Há segredos em um
livro que nunca serão relevados, faz parte do encanto da literatura."
Eu a entendo, afinal, uso muitos símbolos em meus livros, camadas e
camadas de mistérios e pistas sobre quem sou e quero ser, meus medos e
sonhos.
"Mas, Lagoena é incrível, pelo que posso notar. Um mundo fantástico,
Laisa", comento, e ela agradece o elogio com um sorriso. "Quando e como
surgiu? Como você criou algo tão fantástico?"
Tudo bem que eu estou apenas num campo, e não havia passeado pelas
florestas, pelas estradas, pelas vilas e pelos reinos, visto muito
ainda, mas Zarak me ensinou a me encantar com o pouco, pois é no pouco
que se inicia o muito.
"Lagoena surgiu sem querer, escrever pra mim foi sem querer, e os dois
surgiram ao mesmo tempo, de braços dados. O tempo dado para conhecer
Lagoena foi o mesmo tempo dado para conhecer o que era escrever (o que
tenho muito a aprender)."
Um gole rápido.
"Lagoena nasceu sem a mínina pretensão de ser o que é hoje. É estranho
voltar anos atrás e pensar em como tudo começou. Não acredito que tenha
surgido. A história já existia e estava perdida em algum lugar no
espaço, eu só fiz parar, afinar os ouvidos e escutar. Claro que houve
'ruídos' nesse meio tempo, tempestades colossais, ventanias que quase me
derrubaram, mas tive de me manter em pé para escutar uma voz rara no
meio disso tudo e ver tudo passar como um filme na minha mente. Apenas
escutei e descobri Lagoena..."
Ouvir o chamado... como eu entendo sobre isso.
"O único caminho que conheço para criar um mundo fictício é a verdade",
continua minha amiga, sonhadora e indiferente aos meus pensamentos
mediante suas palavras apaixonadas. "Simples e pura verdade."
"E quando foi que você ouviu o chamado?", indaguei, interessado em saber
como foi a iniciação de Laisa naquele local escondido no centro de
galáxias onde a magia ainda impera.
"Em 2005 quando li uma reportagem sobre livros de fantasia e sua
repercussão. Eu era totalmente alheia a este tipo de literatura. Mas
algo me deu um estalo e resolvi passar das costumeiras 30 linhas das
redações escolares..."
"Aconteceu comigo também, ao dar vida a Zarak... e desde então tive de
me controlar para não exceder o limite pedido nas redações."
Rimos.
"E faz um bom tempo já, hein?", emendo.
"Sim, e espero continuar me dedicando a esse projeto e que possa dar bons frutos...", concorda ela, ainda mais sonhadora.
"Dará sim, tenho certeza."
Tomamos mais uns goles de chá. Eu começo a sentir os efeitos dos
cogumelos, e cada vez mais a beleza daquele lugar me invade a mente. Ou
será culpa da bebida?
"Lagoena é um lindo nome. O que significa?"
"Vem do latim. Seu prefixo lago pode ser interpretado como parte
de um todo, de um conteúdo ou continente. Por isso, um dos primeiros
significados que encontrei foi pedaço de terra, mas o significado mais comum é garrafa, vasilha, ânfora."
Uma ânfora de segredos e aventuras, eu diria, mas prefiro me calar.
"Já que você me chamou para tomar este maravilhoso chá", começo, com a
voz embaralhada, as ideias voando no ar como bolhas de sabão, "conte
sobre o que há aqui. Eu quero saber mais ou menos o motivo de você vir
tanto para cá. E o que me espera aqui?"
"Podemos esperar de Lagoena nossos melhores sonhos e nossos piores
pesadelos. Florestas almadiçoadas. Criaturas espectrais. Seres antigos e
belos. A magia está impregnada em toda atmosfera. É difícil tentar
desmembrar Lagoena e saber onde está enraizada sua magia. É magia em sua
totalidade. É a magia de colher histórias banais e recontá-la de outra
forma. É a magia de remexer o fundo do baú e polir a dor ao ponto de
transformá-la em cristal puro."
O brilho de seus olhos me encanta, e me sinto leve como as bolhas que
sobrevoa minha cabeça, logo send conduzidas pela brisa para bem longe.
Estou emocionado e ansioso para desbravar aquele mundo mágico criado não
por uma autora estrangeira, e sim por uma brasileira. Mas, ainda eu
precisava saber de mais uma coisa.
"Qual a importância de tudo isso, de Lagoena para você?"
"Refletir sobre a importância de Lagoena pra mim é muito difícil e
pessoal... Vou tentar ser honesta. Lagoena me abriu as portas para a
literatura, um mundo que me acolheu, me ofereceu sua amizade
incondicional e deu voz ao meu constante silêncio. Esse projeto meu deu a
possibilidade de enxergar mais longe, encontrar a verdade nas simples
coisas, ser feliz sem ser."
Chá de cogumelos são bons, mas provocam na gente reações estranhas.
Quando ela termina de falar, eu voo longe, acenando para ela, afinal é
quase fim de tarde e preciso correr para a faculdade. Laisa retribui,
com a mão coberta pela luva; bebe mais um gole da bebida servida em
Lagoena por uma criatura esquisita e única, que conhece mais de
cogumelos do que eu. Não há tristeza em seu rosto, e sim a certeza de
que e voltarei, de que aquela terra fantástica ganhou mais um visitante."
Este texto foi realizado com base na entrevista que a autora do livro Lagoena concedeu
a mim há uns dias. Todas as suas respostas permanecem as mesmas,
havendo apenas a dramatização, sob a autorização da entrevistada.
Texto original aqui.
Em breve vou preparar um post muito especial sobre o novo trabalho do Alec. Fiquem de olho.
3 Outras confissões...:
^_^
Que bom que curtiu o conto-entrevista!
Foi agradável e divertido... e espero repetir o chá nas páginas de Lagoena.
Nossa que texto lindo, lembra uma cronica, mas lembra também o mundo fantástico tornando-se uma viagem perfeita entre o real e o imaginário. Parabéns para o autor! Tem muito talento.
O intuito do Alec era esse mesmo, uma crônica. Fico feliz por ter gostado, Yane. O autor tem muito talento e espero que tenha um caminho próspero na escrita.
Obrigada pela visita!
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